terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Gerra e Arte


Analise do Filme "Bastartos Inglórios" de Tarantino


Ao pesquisar a cerca das criticas do filme após assisti-lo, percebi que muitos autores se preocuparam em falar a respeito do sangue, enfatizando a cena em que um soldado nazista tem seu crânio destruído por um taco de basebol. Ao abordar a temática de uma guerra, creio ser impossível o não uso de violência, seja ela física ou psicológica. Em “A lista de Shindler (The Schindler's List, 1993 – Steven Spielberg)” a cena mais chocante fica por conta da seqüência da menina de vestido vermelho, primeiro passeando pelas ruas, depois na pilha de cadáveres. Já em “A vida é bela (La Vita È Bella, 1997 – Roberto Benine)” a violência fica a cargo do filme inteiro. E para não deixar de citar uma cena brasileira e forte, uso “Olga (2004 – Jayme Monjardim)” quando a filha dela é retirada da protagonista na prisão. O sangue em si, já se tornou marca registrada no cinema, principalmente o europeu, que possui uma abertura maior e alguns temas mais “cult”. O que mais choca é a desumanidade explicita, a crueldade e a violência psicológica.

Retomando a cena tão criticada de Bastardos inglórios lembro-me automaticamente de “Irreversível (Irréversible, 2002 – Gaspar Noe)” onde a primeira cena foi um crânio sendo devidamente esfacelado por um extintor de incêndio. Sem contexto e sem explicação, que só virão ao longo do filme. Tarantino usou o recurso com maestria fazendo assim uma obra de arte. Outro ponto que pode ser observado foi o uso da câmera giratória, com fez pela primeira vez Gaspar Noe em “Irreversível” para dar a sensação ao expectador de total confusão e desconforto.

Outro ponto que é necessário ser abordado são as falas iniciais, onde o caçador de judeus explica para o fazendeiro que a repulsa por judeus pode ser comparada a repulsa humana por ratos, mas não por esquilos, mesmo ambos sendo roedores da mesma espécie. Apesar de longo, o dialogo resume de forma clara toda a ideologia nazista.

A relevância de um filme sobre a segunda guerra em pleno 2009 é quase que obvia. A indústria cinematográfica norte-americana é formada por muitos membros de origem judaica e histórias como estas sempre seduziram Hollywood e, consequentemente, o grupo que entrega o Oscar. Podemos comprovar com a premiação do filme “Os falsários (The Counterfeiters, Áustria, 2007)” como melhor filme estrangeiro. Dentro deste contexto, fazer uma vingança judia, especulando sobre o “SE” usado de forma espetacular na fala de Aldo Raine (Brad Pitt) dirigindo-se ao caçador de judeus – “SE eles ficarem, SE eles estiverem vivos, Se... Se... São muitos SE’s para uma frase, não acha?”. E é exatamente isso que Bastados Inglórios é: um grande SE. O roteiro é divido em duas partes: na vingança pessoal de Shoshanna (Melanie Laurent) e a missão dos bastardos, que inverteu os papeis tornando os judeus caçadores de nazistas.

Na historiografia recente já possuem relatos de movimentos de resistência judia. Isso quer dizer que essa imagem montada pelo cinema de que eles deixaram o genocídio acontecer livremente está sendo aos poucos desconstruída. Em reportagem da Revista Aventuras da história, set/09, fala sobre Mordechai Anielwicz, importante líder da resistência judaica e sobre o levante do gueto de Varsóvia, onde judeus resistiram por mais de um mês a ofensiva alemã. Contavam com até 500 militantes e foram esmagados pelo general da SS Jürgen Stroop.

O que temos ao fim do filme é a sensação de alivio, pois o “louco” ditador Hitler foi metralhado incansavelmente pelo soldado norte americano... Não foi assim que aconteceu, mas se o SE do filme realmente fosse um fato, o EUA salvariam o dia...
Mesmo com essa distopia, o ingresso vale a pena.

2 comentários:

Thiago Félix disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thiago Félix disse...

Quando se fala em filmes de guerra, o obvio sempre é dito. As cenas fortes, o sangue, o massacre.
Bem esse texto apresenta o não obvio e isso torna o texto bastante atraente e verdadeiro.
Ah. E SE o Hittler tivesse sido realmente metralhado, é, vc tem razão, os Eua teriam feito alguma coisa de bom para o mundo...