quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Helena, aquela que teme...

A chuva cai. Helena anda solitárias pelas ruas escuras do centro da cidade sem olhar para trás. Sim mais um se foi. Mais um para a sua lista. Sem remorsos, sem dor.
O caminhar por entre mendigos, prostitutas e bandidos não lhe trazia nenhum desconforto. O que ela temia acabara de deixar para trás.

Helena chega em casa, e vai pegar o embrulho feito de véspera, era a ocasião perfeita para atear fogo. Sem uma palavra ela vai ata o quintal, há ali um local costumeiro onde esse ritual era repetido de tempos em tempos. Sempre tentava atear fogo em seu medo, mas ele vinha e a forçava a repetir tudo num circulo vicioso.

O fogo do embrulho luta contra as pequenas gotas de chuva, fogo este refletido no olhar de Helena. O fogo vence e depois de longos minutos o embrulho vira pó.

- Essa, foi a ultima vez... – Helena fala para si, tentando acreditar nas próprias palavras.

Mais um dia começa, o sol vem anunciar.

- Maldito sol...

Helena começa sua rotina como se nada da noite anterior tivesse acontecido.
E um novo ciclo começa ao chegar em seu trabalho, um amigo, apenas um amigo a olha de forma diferente, basta isso para mais um novo surgir. Assim os dias vão passando e

Helena está feliz, com um novo homem ao seu lado. Ele vai na casa dela, ela na dele, dormem juntos, fazem planos. Tudo é perfeito, magnífico até a data que completa 6 meses do dia que ela queima o ultimo embrulho.

Como em um transe Helena pega todos os presentes, fotos, cartas, tudo que possa lembrar o namorado. Pega um pedaço de pano preto e faz uma trouxa, deixando de lado, a noite ia encontrar com ele, seu antigo amigo, o atual namorado.

Ela estava especialmente linda nesse dia, seus cabelos negros lisos até a altura do ombro, olhos castanhos bem escuros delineados pela maquiagem a deixavam ainda mais bela, a pele branca lisa e sedosa estava mais perfumada que nunca. A boca, com um leve brilho a deixava convidativa ao beijo.

O encontro na hora marcada. Tudo normal conforme sempre fora, mas na hora da despedida quando sempre decidiriam para a casa de quem iriam dormir ela simplesmente fala:

- Seu tempo acabou...
- Como? – Pergunta o rapaz sem entender.
- Seu tempo, nosso tempo acabou, estamos terminando aqui. - Responde ela seca.
- Mas estava tudo normal, estávamos felizes e eu te amo... – Helena interrompe ele.
- E eu estava te amando...


O dia amanhece, mais um dia na vida de Helena:

- Maldito sol...

4 comentários:

Vinícius de Oliveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vinícius de Oliveira disse...

Belo conto, você leva jeito nessas coisas, melhorou,rs.
Algo me pareceu familiar, huahauhau

Fábio Marques disse...

Esse eu já tinha visto...

Parabéns novamente !!!

Unknown disse...

Estamos em transição eterna, e tenho fé que Helena vai mudar no seu modo de ser... é só querer.

^^