sábado, 13 de dezembro de 2008

Reflexão sobre a postagem: "Contradição: um pouco de mim, um pouco de ti, um pouco de nós."

http://rafaeldearaujointhedark.blogspot.com/2008/12/contradio-um-pouco-de-mim-um-pouco-de.html


Sempre nos perguntamos se estamos fazendo a coisa certa. A todo passo que damos e quando finalmente olhamos as conseqüências, vem a bendita pergunta: - o que fiz foi o certo?

Lembro-me das palavras de minha mãe quando eu reclamava de sua falta de atenção para comigo. Mas creio que antes terei que falar um pouco dela...

Verônica, para alguns uma mulher egoísta, uma péssima mãe que só pensa em si mesma, mas não para mim... Passado os anos vejo que ela estava mais que certa, e hoje a considero uma grande mulher, e a melhor mãe do mundo... Sabem por quê? Apenas por te me deixado viver minhas experiências e escolher, sozinha, o que eu queria fazer de minha vida.

Tivemos várias discussões, isso é fato, com eu adolescente jogando na cara dela: - Eu não pedi para nascer! E ela rebatia: - Você deve sua vida a mim, pois poderia ter feito um aborto!

Assim cresci, olhando ela vivendo sua vida pessoal e sua profissional, sempre fora uma grande mulher, bonita, sedutora. Ótima profissional. Nunca me faltou nada, tínhamos comida na mesa, roupas... Eu e meu irmão fomos criados com cada centavo do suor dela, pois nem eu nem ele temos pai. Sim, ela é mãe solteira...

E com isso teve que fazer escolha: Como trabalhar todos os dias até as 2 da manhã como cobradora de ônibus e não poder colocar meu irmão, na época com 3 anos, na cama. Como nunca acordar para colocar meu café da manhã...

Agora volto à frase que ela sempre me dizia: - Filhos crescem e se viver para eles viverá em vão!

Olhei para as mães de minhas amigas, que tinha tanta inveja no passado, mesa posta, café na cama... Almoço, jantar, família reunida na ceia de natal... E hoje o que elas são? Suas filhas são mães, como eu... E depois de terem passado a vida cuidando dos filhos, agora cuidam dos netos, para as filhas terem suas próprias vidas. Mas e elas?

Enquanto minha mãe que está com 50 anos vive como se tivesse 25, elas parecem ter 100... Minha mãe namora, sai à noite, toma cerveja, fuma, conta piada. Várias pessoas pensam que sou irmã dela, e não filha, pois com minha seriedade exagerada pareço ter muito mais que 27 anos. Não fumo, não bebo (e não condeno que o faz, só tenho minhas escolhas), só gosto de virar noites, mas sou caseira, somos opostas. Ela pinta seus cabelos de loiro, e eu gosto de manter minhas madeixas escuras, como sempre foram.

As minhas amigas queriam a minha mãe, e eu queria a delas. Ninguém está satisfeito com o que tem! Hoje não troco a minha mãe por nenhuma, pois a maior lição que ela me deu foi me deixar ser eu mesma. É essa lição que passo ao meu filho, não da mesma forma, claro, mas eu faço o possível para contrabalancear a minha vida e a dele.

Dou ênfase ao meu profissional, pois com isso conseguirei pagar melhores escolas, e assim evitar que meu filho estude em escola publica, como eu tive que estudar.

Assim tenho como pagar o curso de inglês, para que ele não precise aprender uma segunda língua sozinho, como eu fiz com o espanhol.

Poderei pagar o pré vestibular, para que ele não precise estudar em casa, com apostilas doadas, durante três anos de frustração para entrar numa faculdade federal.

E todos os dias eu digo a ele: - Cada passo que eu dou é para você, por você!

Espero do fundo do meu coração que ele entenda. E a postagem que o Rafael Araujo fez, só deixou essa idéia firme em minha cabeça. Lembrei-me de minha mãe... E mesmo com o dilema em mente, tentarei.

Viverei minha vida, auxiliando-o da melhor forma possível, pois terá o momento em que ele irá voar com as próprias asas. E quanto mais cedo ele se acostumar com isso, melhor irá se portar quando for sua hora de seguir sozinho.

Finalizo essa minha reflexão com a combinação de nomes que minha mãe me deu: Monica, que quer dizer, mulher sozinha, ou mulher única. E Helena, que significa aquela que ilumina.

Um dia, quem sabe, as pessoas que amo e tento iluminar percebem tudo que fiz...


E pela primeira vez assinando no blog com meu nome completo:


Monica Helena Sicuro.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O Tesouro da Rainha

Um jovem arqueólogo, obstinado e decidido chega à Milano, uma pequena cidade no norte da Itália, na fronteira da atual Áustria e Alemanha, em busca do famoso tesouro da rainha Herz aus Stein.

Uma lenda medieval que dizia que por volta do ano de 1008, uma das mais perversas rainhas da região mandou construir uma arca que só ela poderia abrir, para guardar o maior tesouro do mundo.

No sitio arqueológico ele logo encontrou vários objetos valiosos, mas nada da tal arca.

Após dez anos de busca, o jovem, agora não tão jovem, informa aos jornais locais que sua busca tinha terminado e que ele não havia encontrado o tesouro, apenas uma parede de pedra. Que nenhuma dinamite foi capaz de derrubar.

No fim da noite o arqueólogo é surpreendido por uma senhora, muito idosa batendo em sua porta. A surpresa foi ainda maior quando ela entrou sem cerimônias segurando algo enrolado num manto de veludo.

- Estive acompanhando sua trajetória em busca do tesouro da Herz aus Stein... – Começou falar serenamente a senhora. – E guardei por todos esses anos, toda e qualquer noticia sobre a sua empreitada...

- Em que eu posso ajudá-la? – Interrompe o jovem impaciente.

- Você não vai me ajudar. – Sorri a senhora com o olhar firme. – Eu vim ajudá-lo.

- Então vamos me ajude! – Caçoa o incrédulo arqueólogo.

- Pois bem senhor arqueólogo, como não tive filhos, estou com isso preso comigo - a mulher abre o pano e mostra uma alavanca – e hoje eu resolvi lhe dar a chave para abrir a porta que minha ancestral fechou e pediu para que seus descendentes guardassem e não deixassem ninguém mais abrir. E assim permaneceu, fechada.

O arqueólogo ficou sério, aquilo que ele tinha em mãos era realmente a única peça que faltava para abrir aquela engrenagem e se perguntava: como ele e nenhuma outra pessoa haviam pensado numa coisa tão simples?

- Por favor, me conte tudo que sabe a respeito da lenda.

- Mas é exatamente isso que vim fazer aqui...

- O reino de Milano era conhecido por suas violentas pilhagens, mesmo sendo um povo de origem românica, eram comparados com os bárbaros da Germânia. Povo este que tinham grande aproximação.

- Isso eu encontrei em minha pesquisa, por isso o nome dela é em alemão, e quer dizer coração de pedra. – Concluiu o estudioso.

- Havia uma possibilidade de união com um reino da Germânia, bem pequeno, mas a proximidade fez com que os laços se estreitassem. E aproveitando-se da confiança, o soberano daquele reino pegou o tesouro da rainha. O mais engraçado foi que ela não se importou. Ficou até feliz de compartilhar o que era tão importante para ela. Mas com o passar do tempo ele voltou e trouxe consigo o tesouro dela... Estava devolvendo.

O arqueólogo se assustou.

- Era tão valioso, mas infelizmente o rei germânico não sabia como usar, não sabia o que fazer com aquilo...

- Mas ele poderia vender! – Falou o estudioso.

- Não sei o motivo, ele apenas devolveu. E a rainha temendo um novo roubo chamou todos os ferreiros e pagou para a arca mais resistente que ninguém pudesse abrir. Chamou os maiores construtores da época para fazerem aquela fortaleza dentro da fortaleza, um pequeno cofre. Com a forma de abrir mais simples, mas que somente ela saberia. Depois desse incidente ela se tornou mais dura, e cruel, ganhando assim o nome de Herz aus Stein. E assim foi passando de geração em geração a lenda. E ninguém tentou abrir o tesouro. E hoje ele é seu...

O rapaz ficou em silêncio, emocionado.

A senhora foi embora, e ele correu ao sitio onde estava escavando havia dez anos. Lá chegando já foi abrindo o grande cofre. As pedras demoraram a sair do local, mas enfim saiu, ele nem acreditava que colocaria a mão naquela lenda...

Encontrou no meio do pequeno salão um baú, todo trabalhado em ouro. Com um grande cadeado, este também do metal precioso. Com sua lanterna procurou pela chave em todo o cômodo. Não encontrou, foi embora levando consigo o baú.

Vários chaveiros foram convocados, mas o mistério da rainha parecia impossível de desvendar. Então para a surpresa de todos, o arqueólogo desistiu de tentar abrir.

No ano de 2008, o arqueólogo já idoso chamou seu neto mais novo, era o único da família que se interessava por história. E ele contou a lenda e pediu para seu neto virar o novo guardião do segredo. E quando o velho passaria o bastão percebeu que o cabo dele era bem parecido com uma chave. Tentou. O baú abriu.

A decepção era visível em seus olhos, não havia ali dentro pedras preciosas e jóias como ele havia imaginado.

O conteúdo da arca eram sete bolas com dragões desenhados.

- Esferas de dragão? – Interrogou o neto curioso.

- Não, são bolas... E não são pedras preciosas... – Concluiu o senhor.

- Mas... ISSO é o tesouro?

- É... Acho que só agora entendi o porquê eu não abria, na verdade esse é o tesouro dela, e somente ela soube qual o valor que essas... Esferas... – Fechou a arca e olhou nos olhos do neto. – Eu terei que manter trancado, pois como o rei alemão, eu não sei nem o valor e nem como usar...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Uma imagem vale mais que um livro de Auto Ajuda


É raro imagens mexerem comigo, mas essa – que hoje virou meu papel de parede – teve um efeito estranho.

Uma simples propaganda, mas ela me fez lembra uma época no qual eu usava aquela formula. Uma época onde eu era outra pessoa.

Tinha metas traçadas, e todos meus passos eram marcados por determinação, pisava firme e olhava para frente. Não me importava com as adversidades, pelo contrario, quando eu as via lutava. Não me deixava vencer... E hoje estou chocada com a força que eu tive.

De uns tempos para cá eu só tenho buscado desenvolver meu lado intelectual. E esqueci diversos aspectos. Muitos mesmos...

E essa propaganda, que tinha outro intuito, me vez ver além. Fez-me olhar para dentro de mim mesma e ver que estava faltando eu dividir tudo que faço pela determinação. Não vai ser fácil...

Mas quem disse que eu gosto de coisas fáceis?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Amor vs Prisão

O cachorro late insistentemente, preso a coleira, não consegue sair, força a corrente, parece que vai arrebentar...

Miados agudos, o gato arranha a porta...

Pássaros debatem-se assustados dentro do viveiro...

A mão tenta alcançar o anel e quando consegue, cerra o punho prende-o dentro de si...

O rato branco correndo sem sair do lugar, movendo a roda no interior de sua gaiola...

Acordo assustada, um pesadelo com cenas pipocadas, flash sem sentido e sem conexão entre si.

Subo apressada a escadaria, minha casa fica em uma ladeira. Pela primeira vez paro durante a subida, o vento está tão forte que abafa os sons do asfalto. Já passam das 22 horas. Viro-me, estou no alto, não há nada entre eu e o vento. Abro meus braços e deixo a mochila deslizar até o chão.

O vento brinca com meus cabelos. Não me preocupo em ficar descabelada, estamos sós ele e eu. Passando por entre meus dedos... Tocando cada parte do meu corpo. Apenas o som do vento batendo entre as árvores, pareço voar...Liberdade... No mesmo instante lembro-me do sonho que tive a mais de uma semana!

Estava ali, livre como um pássaro, mas meus pássaros estavam presos. E quanto tempo faz que não vejo um pássaro livre? Não me lembro... Mas eu mesma defendo minha posição: prendemos para alimentá-los, protegê-los dos gatos... Mas e os gatos? Prendemos para evitarmos que fujam, ou que sejam pegos por um grande cachorro... E o cachorro? Prendemos por que amamos...

E assim rebatia cada argumento, com a resposta do “por que amamos”, mas por que temos que prender tudo que amamos?

Por que motivos temos que colocar coleiras, gaiolas, alianças...?

O ser humano tem necessidade de viver em grupo. Responde um antropólogo a minha pergunta.

Sociólogos, psicólogos, todos os “ologos” que encontrei não puderam me dar uma resposta satisfatória.

Uma vez li um sábio ditado: “tudo que amo deixo livre e se me amar de verdade vai voltar”. Será verdade? Conseguimos abrir mão do que amamos com tanta facilidade? Creio que não...

A mãe ao ver que o filho tem sua primeira namoradinha, vai a todo custo encontrar defeitos nela, pois não quer perder a sua cria. Com meninas é ainda pior. Já soube de casos do pai fazer termo de compromisso para namorar!

Quando amamos uma pessoa, queremos prende-la a todo custo, de todas as formas... Mas não gostamos de estar presos... Precisamos respirar... Eu preciso sentir o vento no meu rosto e não me preocupar com nada!

Tentei seguir o ditado no dia seguinte, soltei meu cachorro, que matou uma das galinhas que também tinha soltado... Transformei o quintal numa arca de Noé... Mas tenho a ligeira impressão que eles não se deram muito bem soltos não... Ainda bem que só teve um óbito, era uma galinha que eu não gostava mesmo... O que mais me deixou chateada foi o rabo do meu gato que quebrou... coitado...

Mas percebi que não dá para soltar bichos. Mas será que podemos colocar isso em prática com as pessoas, sem que elas pensem que estão sendo abandonadas? Pois ao mesmo tempo em que prendemos, queremos ser presos por alguém, temos a necessidade de reclamar, chorar, resmungar... Sermos as vitimas.

Então pergunto: queremos a real liberdade?

Temos maturidade para entender?

Ou será que prendemos, pois queremos estar presos também?

Que tipo de liberdade procuramos?

Quem tiver essas respostas me diga, pois adorei ficar ao sabor do vento...

E aviso que estou soltando a tudo e a todos.

Na minha experiência, todos os bichos voltaram para as suas “prisões”. Então se os bichos voltam, os seres humanos também vão voltar... Ou não...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Dualidade

Depois de uma luta sangrenta com minha mochila acho o que procurava: uma caneta!

Achei tudo aqui dentro: DVD, CD- ROM, disquete, crachá de lanche com um chip, um chip (que eu nem sabia que tinha)! Menos a bendita caneta!

E eu queria escrever sobre isso mesmo, sobre o novo e o velho, estava com tantas palavras na cabeça, mas não estava na frente de meu computador, e tive que recorrer a um instrumento chamado caneta...

Neste momento (que escrevo) estou em outro campus de minha faculdade. Este não é de frente para o mar, é em um bairro residencial onde construções antigas e prédios novos brigam por um espaço na minha visão.

O novo e o velho, ou o clássico e o moderno? Na verdade não sei, não consigo adjetivar o que estou vendo. Ainda tem a natureza, para complicar, que tenta manter-se verde no meio de uma metrópole.

Tento usar minha imaginação e retirar os prédios novos para ter uma idéia de como seria minha vista... Realmente despoluiu... Mas... Para onde iriam as pessoas que moram nos prédios? Estes foram feitos para alocar o maior numero de pessoas dentro de m², mas isso já vai para a matemática ou física, e não tenho intimidade com nenhuma das duas.

Hoje estou num prédio usado para o curso de cinema, esperando para fazer uma matéria sobre livros, sendo aluna do curso de história, olhando a hora no meu celular...

Elementos tecnológicos estão tão presentes em nossa vida que nem percebemos mais a evolução, e nem os estragos que isso provocou em nós, humanos. O passado está tão presente que as vezes nem nos damos conta que somos agentes dele, que o ontem passou, que estamos fazendo a história, a nossa história.

Não estou olhando para uma simples vista de uma varanda antiga, o que estou vendo é sim o reflexo da dualidade de nossas vidas, da minha principalmente.

Estou aqui pensando no passado, estudando o passado, para o futuro, pensando no meu futuro. E no final eu fico sem saber o que é um e o que é o outro.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Quando tudo acaba

Todos os contos de fadas acabam das formas mais trágicas.

Quando você é criança, descobre que Pai Noel nunca existiu.

Depois, quando chega à adolescência descobre que o “felizes para sempre” não passa de lenda.

Na vida adulta, descobre que tudo que lhe foi dito sobre diversas coisas não passa de uma grande mentira.

Descobre que o “eu te amo”, são as palavras mais banalizadas da língua.

Descobre que por mais que você tente ser bom, há sempre aquele que quer te machucar te ferir. Às vezes nem propositalmente, mas ferem.

Encontra o mercado de trabalho, onde as pessoas não passam de números, e descobre que as coisas sempre foram assim, não adianta estudar para fazer o que gosta, vivemos num mundo onde um quer devorar o outro.

Descobre também que os direitos humanos são só para os marginais, os bandidos...

E ainda tem mais, descobre que os mocinhos tem que ficar presos dentro de carros e muralhas reforçadas, enquanto os bandidos ficam á solta por ai.

E por fim, descobre que nada é para sempre, tudo acaba. Algumas coisas mais rápido que você pensa, outra que se arrastam e parecem que não tem fim.

Descobre que quanto tudo acaba você encontra outros contos de fada para acreditar... e assim vai vivendo, construindo e desmoronando os castelos de areia.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Noite de sonho

Uma coisa capaz de deixar um escritor sem palavras é lançar um livro, principalmente se este for seu primeiro. Esta frase que deixei em vários livros de meus colegas escritores que estavam, cada um vivendo seu momento único no dia 19 de julho, nas casas das rosas, na avenida paulista.

Quando eu era levada de carro para o evento escutei a seguinte frase: Você tem idéia de onde estar indo? A avenida paulista é o metro quadrado mais caro do Brasil, e seu lançamento é lá. Saia desse carro e vá, hoje é seu dia!

Sim eu estava com medo de sair do carro, medo de não estar bem vestida, medo de não ser eu que tinha meu nome lá, sei lá ter sido um engano...

Mas não, era verdade!

Eu entrei, encontrei o Leandro, companheiro de comunidade, escritor e critico. Trocamos autógrafos, eu sem saber o que escrever, escrevi qualquer coisa, juro que nem lembro o que foi, mas tenho certeza que foi com toda a emoção que eu estava naquele momento.

Para cada novo livro que me pediam o autografo eu colocava uma frase nova, não era excesso de criatividade não, era que realmente eu não lembrava do que tinha escrito antes.

Encontrei o Danny, que é simplesmente magnífico, como ele mesmo denominou Homem e Humano (acho que essa só ele e o Rick entendem).

O Edson, o homem que não dorme, falou algumas palavras, a Helena, minha “anja” da guarda também. Subimos todos nós, os autores, na escadaria da casas das rosas. Lembro apenas de ver uma fila e sentir meu coração na boca.

Os flashs das maquinas de várias pessoas que nunca tinha visto na minha vida lá embaixo, e eu junto com quase todos os 49 autores do Anno Domini, posando para a foto oficial.

Aplausos. Mais autógrafos. Minha voz começou a falhar. Mas nada que uma forçada na garganta não resolvesse.

Amigos bebendo vinho, todos rindo, inclusive eu, que estava falando cada vez mais rápido. Emoção, mãos suadas, e de repente a festa acabou! Todos estavam indo. Minha amiga teve que me chamar, tinha que ir.

Horas que nem vi passar, momentos impossíveis de descrever de forma precisa. Finalmente sou uma escritora, um sonho de infância, agora é uma realidade.

Voltei para onde estava hospedada junto com minha amiga, completamente afônica.

Dormi. Acordei atrasada para voltar para o Rio de Janeiro, mas cheguei a tempo de pegar o ônibus. Dessa vez sem ninguém contestar meu lugar... Ainda vendi um livro na volta, roca, mas mesmo assim falante...

De volta à minha casa, deitei e dormi... Acordei com a sensação de que tudo não passou de um sonho, mas foi pegar minha maquina e ver que foi verdade.

Mas ainda creio ter sido um sonho, meus contos em sua maioria provém de sonhos, estes passados para o “papel do word” da mesma forma que foi este que está no Anno Domini.

Sonhos são o combustível da humanidade, o que seria de nós se não houvesse pessoas sonhadoras? Ou loucos que se atreveram a escrever? Alguns registram a história, outros as emoções. E uma noite de sonho é a melhor descrição que consigo para o dia do lançamento do meu primeiro livro.

Ah! Já estamos na quarta feira e eu ainda estou afônica. Realmente um lançamento é capaz de tirar a voz de um escritor, em todos os sentidos. E olha que não bebi nada além de refrigerante lá!

domingo, 29 de junho de 2008

Busca


A sonhadora estava desde sempre em busca de algo, algo que não sabia o que era

Desde que se entendeu por gente queria algo, mas nunca soube ao certo o que era.

Então por anos a fio procurou em todos os lugares imagináveis.

O primeiro local foi o amor, entregou-se de corpo e alma e nada... Achou apenas decepções. Não era isso que procurava!

Depois buscou nos estudos, foi a melhor da classe, muito prazeroso ser elogiada... Mas não era o que ela procurava!

Logo em seguida descobri a farra, como era bom bagunçar com os amigos, beber, zuar, dançar... Não, não era o que ela queria!

Foi mais além, fez do ato de conquistar um vicio, colecionava admiradores... Mas não era o que ela procurava!

Um filho, sim um filho é o que todos buscam, teve um filho... Completou uma lacuna, mas não todo o espaço vazio.

Parou com tudo, deixou de ser sonhadora, mulher para ser mãe... O furação passou... Veio a calmaria... Mas ainda não encontrou o que procurava.

Um trabalho... Sim, a realização profissional era o caminho... Foi lá, lutou pela vaga, conseguiu. Em poucos meses era a melhor da equipe, e logo depois a melhor do setor... Mas mesmo assim não era o que ela queria...

Um afastamento inevitável do trabalho, dar mais tempo ao filho... sim... ser mãe, esposa, dona de casa... Não! não era isso!

Precisava ir mais além... Queria a universidade publica, estudou com afinco por longos 3 anos... No meio disso foi chamada a retornar ao trabalho... Sim, um novo começo... A funcionária perfeita estava de volta! Junto com a aluna perfeita, pois o desconto que era oferecido numa faculdade particular possibilitou o tão sonhado ingresso no ensino superior... Mas ao fim do ano ela viu que ainda não era o que eu buscava.

O desanimo voltou... Faltava aula e trabalho sem dar explicação... Não era o que ela buscava!

Encontrou algo novo, o mundo virtual, onde ela poderia ser quem quisesse, e assim foi tragada para esse mundo de bites, imagens e palavras... Onde o único som a ser ouvido são os das teclas que você mesmo bate.

Mesmo feliz, não era o que ela queria, queria mais... foi então que veio o tão sonhado telegrama. A sonhadora tinha passado para a federal! Era o paraíso! Ela usava blusa para ostentar e ficava empolgado com um simples trabalho... Retornava, assim, ao inicio a era dos estudos.

Mas algo mais prazeroso apareceu para ela, comprimidos, anti depressivos, remédios para dormir de toda as espécies... Neste momento em nada lhe dava prazer, perdeu o amor a tudo... até por ela mesma... não saia de casa, não era mais ninguém, nem o estudo, nem o trabalho, nem o filho, nada para o qual ela lutou por anos, fazia sentido.

Buscou na morte a resposta para suas perguntas, mas foi salva a tempo... mesmo assim, não era o que ela queria...

Hoje a sonhadora nem sonha mais, acumulou tantas tarefas, que nem sabe por onde começar a desistir. Só sabe que precisa desistir, ou apenas continuar tentando, pois um dia, quem sabe ela não encontra o que tanto procura...

domingo, 6 de abril de 2008

Diálogo virtual?

Buzinas. Gritos. Choro incessante de crianças. Cachorro latindo. Gritos. Falatórios.

Gargalhadas. Silêncio. O som rítmico do relógio. Falatório. Cachorro. Gato. Buzina. Gritos. Sirenes. Silêncio. Escuridão.

Rolo de um lado para outro da cama, não consigo dormir. O som do relógio me angustia. Acendo a luz. Segundo comprimido de clonazepam. Agora 4 mg me farão dormir.

Incomodo. Angustia. Impaciência. Tenho algo a escrever que não sei o que é. Se levantar e acender a luz não vou dormir mais.

Gritos. Risos. Bichos. Buzina. Em meio a esse caos uma voz quer falar. Eu tento ouvir, mas é impossível.

Troco de posição novamente. O relógio me informa que são 4 da manhã, já fazem horas que tomei a primeira dose mas o sono não vem. Tem algo dentro de mim que precisa sair antes de eu dormir. É vital.

Não tenho lápis nem papel próximos à cama.

Tapo-me com o edredom, tapo meus ouvidos, mas o silêncio total me incomoda. Preciso de barulho. Ligo o ventilador próximo à cama, só para fazer barulho mesmo.

A voz não sai da minha cabeça, ela me fala o que tenho para escrever, mas não consigo compreender, em meio a tantos outros sons.

Concentro-me no som do ventilador, outro ritmo, o sono não vem.

Levanto ligo o computador. E estou aqui digitando. Nada possui nexo. Gotículas de chuva caem no meu telhado. Nada possui nexo!

Agora que estou aqui de frente para o teclado a voz se calou. Todos os barulhos pararam. Até o relógio parou de me incomodar.

Tomo a 3ª dose do dia, pelo visto não vou acordar tão cedo... Se dormir com essa adrenalina que estou.

Não faço a menor idéia de onde esse texto vai parar, nem para que vai servir.

Só sei que eu levantei e a minha inspiração para escrever ficou na cama. Voltei a deitar na vã expectativa dela voltar, e nada.

Estou aqui de volta, ainda não sei fazendo o que...

Digitando um monte de caracteres que juntos formam letras e delas palavras, frases, textos.

Eu sei que o que eu tinha a escrever está aqui dentro, em algum lugar. Só não sei onde encontrar.

O sono chegou. Não sei se pelas doses cavalares de remédio. Não sei se foi que eu escrevi isso. É sem nexo sem sentido, mas é meu. Agora vou reler para dar um titulo.

Legal... Para não dizer outra coisa.

Levantei da cama, liguei o computador, apenas para escrever como é não dormir, e quando faço isso me dá sono... De tão interessante que o texto ficou.

Já sei que nome dá!

Será dialogo, é a primeira vez que falo comigo através do computador!

Agora vou dormir.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Mulher... Mãe


Beta HCG positivo.

Um misto de medo e alegria, algo que só o fato de ser mãe pode proporcionar: uma vida. Pequena, desprotegida, dentro de seu corpo. Um ser que depende única e exclusivamente de você.

Com o passar das semanas este pequeno ser desenvolve, e seu corpo começa a acomodação e prover alimentos suficientes para sobrevivência dele.

Uma mexida faz tudo ser real, o que até agora só era provado pela barriga crescendo, se mexe dentro de ti, ele está vivo! Suas mãos não saem do abdome, querem tocar aquela criança que ali habita, numa expectativa gigantesca para um novo movimento.

Entre vômitos e enjôos, o tempo passa. Exames para constatar a perfeição do ser, aliviada com isso, o que mais quer saber é se é um menino ou uma menina, mas não quer se mostrar.

Longos papos, que para os descrentes parecem monólogos, e que só você e ele entendem. Uma ligação que vai além do cordão umbilical.

É chegada a hora, a primeira dor anuncia. Contrações. Medo. Dor. Emoção. Alivio. Silêncio. Segundos parecem horas. Um choro agudo ecoa na sala de parto. Levam seu tesouro para longe de seus olhos. Aflição. Desespero. Novamente o choro que vem de longe. Impotência. Não podes fazer nada, ele não está mais dentro de você.

Finalmente to trazem. Aquele pequeno menino, numa manta verde, todo embrulhado. Apenas o rostinho de fora. Olhos fechados, sério. A longa espera tinha acabado, ali estava a face daquele que habitou seu corpo por nove meses. Uma lagrima seguida de outras. É impossível controlar.

A médica pede para que fale algo a ele, sem saber o que dizer você fala apenas “oi”. Com o som de sua voz ele abre os olhos reconheceu sua genitora, o som que ele ouvia todos os dias nesse longo processo.

Em casa uma outra ligação é estabelecida, de seu seio sai o único alimento essencial para seu crescimento.

Meses passam, anos passam e não há nada que quebre a ligação entre mãe e filho. Não há nada que substitua a magnitude de ser mãe.

Ser mulher é ter a capacidade de ser mãe. Ser mãe é partilhar da presença de Deus.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Luta

Com armas em punho vou à luta, não ligo para quem ficar em meu caminho, quero mais é vencer!

Com as armas vou à luta, sou forte, sou guerreira e não vou temer.

Com uma espada em punho vou cortando dificuldades, mutilando imprevistos, matando adversidades e furando o destino.

Fecho os olhos e retalho tudo que está em minha frente, seja bom ou ruim, só quero sair, quero viver, quero lutar, e mostrar ao mundo do que sou capaz.

Meu vestido longo e preto dança conforme a espada, num balé sincronizado, o reflexo de minha espada se espalha pelo local, iluminando as trevas e me iluminando.

Corto a escuridão trazendo a luz, pouca para tudo que é necessário, mas fundamental para esta luta.

Luta pessoal, que ninguém pode interferir. Não aceito ajuda de ninguém, o inimigo é meu eu tenho que derrota-lo, seja onde for, seja como for, eu vou, eu sou capaz, só assim encontrarei a paz.

Meu novo ato, minha nova vida, minha, só minha e de mais ninguém...

A cada passo, a cada barreira derrubada minha força só aumenta, cada barreira derrubada torço para que venha outra.

O sabor da vitória, esse é o melhor de todos. Melhor sabor que já provei.

Chego ao fim do túnel, está semi-iluminado com a luz de minha espada. Nesse momento me deparo com meu real inimigo, ainda não posso ver seu rosto, pois está vestido com uma capa que cobre o corpo todo e no capuz apenas um buraco, como um corpo sem rosto.

Vou com toda vontade, quero atacar e acabar logo com isso!

Mas meus golpes são facilmente previsto, ele possui os mesmo movimentos que eu, sabe tudo que eu vou fazer e está a um passo a minha frente, parece ler meus pensamentos.

Não vou parar, não agora, não na reta final de minha luta!

Com a espada em punho giro para a esquerda, isso surpreende meu inimigo mais ele desvia, o maximo que consigo é pegar no seu capuz e finalmente ver o seu rosto.

A espada cai no chão com o susto do que vislumbro em minha frente, era como olhar em um espelho.

Meu pior inimigo sou eu mesma!

- Nossa batalha não acaba hoje minha cara, não se iluda. Não vou te derrotar aqui porque eu não quero, mas vamos lutar por toda vida, uma contra a outra... Até que a morte nos separe!- Assim minha inimiga sai vestindo seu capuz negro e me deixando novamente na escuridão...


Com minha arma fico parada, sei que o pior está por vir... Novas lutas... Novas derrotas e novas vitórias.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

31 de Janeiro

Rua São Pedro, nº 168, 3º andar, banheiro feminino...

Um olhar no espelho, uma duvida nasce, seguida de outra e outra e mais outra...

Quem será essa que estou olhando agora?

Há muito tempo atrás descobri que tenho mil faces, mil maneiras de ser, tantas que me perdi entre elas. Hoje nesse momento, de frente a esse espelho não sei quem sou, não reconheço esse olhar, nem esse sorriso forçado...

Para qual das faces de mim mesma estou olhando?

Já identifiquei quatro, que agiam em separado, em momentos oportunos, cada uma em sua área, que era perfeito. Mas agora, elas se misturam e se contradizem, aparecem quando não são chamadas, se confundem, me confundem.

Quem é essa que estou olhando agora?

Isso me faz lembrar um trecho de Clarisse Lispector : "Não é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus."

Será que cada uma das que sou são esboços inacabados de mim mesma?

E a musica de Ana Carolina tocando ao fundo: “... de tantas mil maneiras que eu posso ser, estou certa que uma delas vai te agradar...”

Sou uma para cada pessoa, Monica mãe, Monica profissional, Monica aluna, Monica mulher. Monica pode tanto significar mulher sozinha como mulher única...

Eis minha duvida, como no meio de tanta gente como ainda consigo me senti só?

Será que estou perdida dentro de mim mesma, será que um dia vou me encontrar?

As perguntas chegam ao fim quando a Monica profissional é chamada para monitorar ligações.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Helena, aquela que teme...

A chuva cai. Helena anda solitárias pelas ruas escuras do centro da cidade sem olhar para trás. Sim mais um se foi. Mais um para a sua lista. Sem remorsos, sem dor.
O caminhar por entre mendigos, prostitutas e bandidos não lhe trazia nenhum desconforto. O que ela temia acabara de deixar para trás.

Helena chega em casa, e vai pegar o embrulho feito de véspera, era a ocasião perfeita para atear fogo. Sem uma palavra ela vai ata o quintal, há ali um local costumeiro onde esse ritual era repetido de tempos em tempos. Sempre tentava atear fogo em seu medo, mas ele vinha e a forçava a repetir tudo num circulo vicioso.

O fogo do embrulho luta contra as pequenas gotas de chuva, fogo este refletido no olhar de Helena. O fogo vence e depois de longos minutos o embrulho vira pó.

- Essa, foi a ultima vez... – Helena fala para si, tentando acreditar nas próprias palavras.

Mais um dia começa, o sol vem anunciar.

- Maldito sol...

Helena começa sua rotina como se nada da noite anterior tivesse acontecido.
E um novo ciclo começa ao chegar em seu trabalho, um amigo, apenas um amigo a olha de forma diferente, basta isso para mais um novo surgir. Assim os dias vão passando e

Helena está feliz, com um novo homem ao seu lado. Ele vai na casa dela, ela na dele, dormem juntos, fazem planos. Tudo é perfeito, magnífico até a data que completa 6 meses do dia que ela queima o ultimo embrulho.

Como em um transe Helena pega todos os presentes, fotos, cartas, tudo que possa lembrar o namorado. Pega um pedaço de pano preto e faz uma trouxa, deixando de lado, a noite ia encontrar com ele, seu antigo amigo, o atual namorado.

Ela estava especialmente linda nesse dia, seus cabelos negros lisos até a altura do ombro, olhos castanhos bem escuros delineados pela maquiagem a deixavam ainda mais bela, a pele branca lisa e sedosa estava mais perfumada que nunca. A boca, com um leve brilho a deixava convidativa ao beijo.

O encontro na hora marcada. Tudo normal conforme sempre fora, mas na hora da despedida quando sempre decidiriam para a casa de quem iriam dormir ela simplesmente fala:

- Seu tempo acabou...
- Como? – Pergunta o rapaz sem entender.
- Seu tempo, nosso tempo acabou, estamos terminando aqui. - Responde ela seca.
- Mas estava tudo normal, estávamos felizes e eu te amo... – Helena interrompe ele.
- E eu estava te amando...


O dia amanhece, mais um dia na vida de Helena:

- Maldito sol...